Libertadores 2025: Estrada x Ferreirinha pode decidir LDU x São Paulo — mas o brasileiro é dúvida

Libertadores 2025: Estrada x Ferreirinha pode decidir LDU x São Paulo — mas o brasileiro é dúvida
17 setembro 2025 0 Comentários carlos sette

Quartas da Libertadores: o jogo que passa pelos atacantes

O confronto entre LDU e São Paulo, pelas quartas de final da Libertadores 2025, promete um enredo centrado em dois protagonistas: Estrada, referência da equipe equatoriana, e Ferreirinha, peça de desequilíbrio do ataque tricolor. Não há um comparativo estatístico público entre os dois nesta edição, mas o contexto ajuda a entender por que eles puxam os holofotes.

Do lado brasileiro, o alerta vem do departamento médico: Ferreirinha soma sete gols na temporada, viveu bons momentos em jogos grandes, mas sente dores no adutor e pode ficar fora do primeiro duelo. É uma baixa potencial que muda o plano de jogo. O São Paulo costuma acelerar pelos lados e abrir espaços para quem chega de trás; sem o camisa velocista, o time perde profundidade e drible curto.

A LDU, por sua vez, mantém um manual bem conhecido em Quito: equipe compacta, agressiva na bola aérea e eficiente nas transições. Jogar a quase 2.850 metros traz uma vantagem que pesa nos primeiros 20 a 30 minutos de cada tempo. O ritmo alto, somado a cruzamentos e bolas paradas, costuma empurrar o adversário para trás. Para o São Paulo, controlar a posse e evitar faltas laterais vira quase uma obrigação.

Existe também um componente psicológico recente. Em 2023, a LDU eliminou o São Paulo na semifinal da Sul-Americana, nos pênaltis, e seguiu até o título. Não é o mesmo torneio, nem os mesmos elencos, mas a memória do confronto influencia escolhas: a equipe paulista tende a administrar mais os momentos, enquanto os equatorianos sabem acelerar quando sentem o rival desconfortável.

Estrada x Ferreirinha: perfis, riscos e planos

Estrada atua como referência. Não é apenas um finalizador dentro da área: sai para o pivô, briga com os zagueiros, atrai marcação e abre corredor para os pontas. Sua zona de maior perigo é entre os dois defensores centrais, atacando o primeiro pau em cruzamentos. Quando a LDU alterna para um 4-4-2 sem bola, ele ajuda a encurtar a saída rival e pressiona o passe de segurança.

Ferreirinha joga por fora, preferindo o lado esquerdo para cortar para dentro e finalizar. O drible curto empurra a linha defensiva para trás, gera faltas e escanteios, e costuma obrigar um volante a fazer a cobertura. Quando está bem fisicamente, ele dá duas valências ao São Paulo: acelera contra-ataques e quebra linhas em ataque posicional, algo raro em mata-mata fora de casa.

Sem dados oficiais comparativos, o que dá para medir é o impacto tático: Estrada influencia o jogo sem tocar tantas vezes na bola; Ferreirinha precisa de volume de ações para desequilibrar. Se um time conseguir desconectar esses jogadores do restante da equipe, metade do plano ofensivo do adversário desaba.

Como neutralizar Estrada? Duas chaves: zagueiros agressivos no primeiro contato e um volante pronto para a segunda bola. A LDU vive de segundas bolas no terço final. Se o São Paulo vencer esse duelo, corta a munição. Nas bolas paradas, marcação mista ajuda: um homem colado em Estrada e outro na sobra, para o rebote frontal.

Como conter Ferreirinha? Lateral direito com postura de corpo fechando o pé bom e um ponta recuando para dobrar a marcação. A ideia é empurrá-lo para a linha lateral e fazer o jogo ficar previsível. Se a LDU conseguir isolá-lo dos meias por dentro, reduz a tabela curta que abre o funil para a finalização.

E se Ferreirinha não jogar? O São Paulo tem alternativas com características diferentes. Um ponta mais associativo pode entrar para manter a posse e proteger a bola; outra opção é trazer um meia por dentro e liberar o lateral para dar amplitude. Também é possível mudar o foco do ataque para um centroavante mais presente na área, com cruzamentos rasteiros e jogadas de segunda trave.

Três detalhes que costumam pesar em Quito e podem decidir o duelo:

  • Gestão do fôlego: equipes brasileiras costumam optar por linhas mais baixas e posse paciente nos primeiros 15 minutos.
  • Faltas laterais: cada bola levantada na área é quase um escanteio em altitude. Evitar o contato desnecessário é vital.
  • Transição defensiva: perder a bola por dentro é convite para contra-ataque. Melhor arriscar a perda pelo lado, com o time organizado para pressionar.

Para a volta, o quadro pode inverter. Se o São Paulo sobreviver ao bombardeio aéreo e sair vivo, o Morumbi muda o roteiro: jogo mais vertical, pressão alta sustentada e mais finalizações de média distância. A presença ou não de Ferreirinha define a altura da linha ofensiva e o número de jogadores atacando a última linha.

Sem comparativo numérico oficial entre Estrada e Ferreirinha neste mata-mata, o cenário aponta para uma leitura simples: o equatoriano decide por ocupação de área e força de contato; o brasileiro decide por mudança de ritmo e 1 contra 1. Quem conseguir levar o jogo para o seu tipo de decisão, leva vantagem na série.