Leo Lins volta a atacar Thais Carla e reacende debate sobre fatofobia no humor

O novo vídeo que gerou polêmica
Na última segunda‑feira, o comediante Leo Lins subiu seu canal no YouTube e postou um programa que lembrava um reality de talentos. Enquanto interagia com a plateia, aproveitou a apresentação de um torcedor que falava sobre dobrar cuecas para fazer piada sobre a influenciadora e bailarina Thais Carla. Lins sugeriu que brincar com o tamanho da roupa íntima da artista poderia se tornar um "viral" e chegou a dizer que alguém poderia "fazer uma escultura da cidade e colocar na entrada" usando a referência ao corpo da influenciadora.
O assunto não ficou restrito ao humor de salão: Thais Carla, que realizou cirurgia bariátrica no ano passado, foi alvo de comentários que remetiam ao seu histórico de obesidade. A gravidade do caso aumenta porque Lins já foi condenado em 2019 por fazer piadas semelhantes, quando zombou da dificuldade de pessoas acima do peso ocuparem assentos de avião. Na ocasião, a justiça determinou o pagamento de R$ 5.000 em danos e reconheceu que o discurso caracterizava ódio.

Repercussão e limites do humor
O vídeo rapidamente ganhou tração nas redes sociais. Usuários dividiram‑se entre quem defende a liberdade de expressão de comediantes e quem acusa Lins de perpetuar preconceitos que ferem indivíduos vulneráveis. Muitos lembram que Thais Carla foi a primeira pessoa a ganhar uma ação por fatofobia no Brasil, marcando um precedente importante para quem sofre discriminação por peso.
Em entrevistas recentes, Carla enfatiza que a obesidade é uma doença multifatorial, envolvendo genética, ambiente e fatores metabólicos. Ela questiona por que a sociedade aceita piadas sobre o peso, enquanto doenças como câncer raramente são alvo de humor. "Se a gente não brinca com o câncer, por que aceita piadas sobre a obesidade?", afirmou em um programa de televisão.
Especialistas em sociologia e direito observam que o caso evidencia lacunas na legislação brasileira sobre discurso de ódio relacionado ao corpo. Enquanto a Constituição garante liberdade de expressão, a jurisprudência tem avançado ao reconhecer que o preconceito pode ser punido quando atinge grupos vulneráveis.
Para o público, a situação levanta dúvidas sobre onde traçar a linha entre comédia e bullying. Muitos apontam que o humor tem poder de desconstruir estigmas, mas quando se baseia em ridicularizar características físicas, ele acaba reforçando estereótipos e alimentando a exclusão social.
Nas próximas semanas, espera‑se que novos desdobramentos ocorram, seja por meio de nova ação judicial contra Lins, seja por respostas da comunidade de criadores de conteúdo, que estão cada vez mais atentos ao impacto de suas palavras. Enquanto isso, Thais Carla segue como voz ativa na luta contra o preconceito, utilizando sua experiência pessoal para educar e mudar a percepção pública sobre a obesidade.