Gabriel Jesus renasce no Arsenal: confiança em alta e papel tático valorizado em Londres

Gabriel Jesus renasce no Arsenal: confiança em alta e papel tático valorizado em Londres
27 agosto 2025 0 Comentários carlos sette

Confiança de volta e barulho em Londres

O noticiário sobre o Arsenal voltou a falar de renascimento. E o personagem é conhecido: Gabriel Jesus. Depois de atravessar uma sequência de lesões que freou o ritmo desde a cirurgia no joelho em dezembro de 2022, o brasileiro tem mostrado sinais claros de recuperação técnica e mental. A imprensa londrina vem destacando a mudança de linguagem corporal, a agressividade nos duelos e o velho traço que o levou a Londres em 2022: a capacidade de transformar a dinâmica do ataque mesmo quando a bola não encontra a rede.

Na prática, isso significa um atacante que volta a atacar profundidade, pressiona saída adversária com consistência e encontra espaços entre linhas para acionar Saka, Martinelli, Ødegaard, Trossard e Havertz. No Emirates, o debate sobre “falta de um camisa 9 artilheiro” nunca some, mas o impacto de Gabriel Jesus além dos gols voltou a ficar nítido. Ele é o gatilho de pressão, o amortecedor das bolas difíceis e o elo entre meio e ataque quando o time precisa respirar sob pressão.

O ponto de inflexão recente tem raízes conhecidas. A primeira temporada em Londres foi forte até a lesão no Mundial do Catar. O retorno ainda trouxe brilho e arrancadas, mas a temporada seguinte alternou bons jogos (especialmente na fase de grupos da Liga dos Campeões, quando marcou em sequência) com novas paradas médicas. Agora, com carga de treinos ajustada e minutos geridos com mais cuidado, o camisa 9 vem acumulando partidas sem limitações aparentes — algo que muda o teto do Arsenal.

O que mudou em campo — e o que vem pela frente

Há uma diferença clara de função. Quando cai pelo lado, Jesus arrasta zagueiros, abre corredor para o lateral e cria superioridade por dentro. Centralizado, baixa para tabelar, dá o primeiro combate e permite que os pontas ataquem a última linha. Arteta valoriza esse 9 “conector”, que não mede o jogo só por finalizações, mas por desorganizar o adversário. É um papel ingrato: a câmera muitas vezes segue a bola, e boa parte do que ele faz acontece longe do enquadramento.

Contra rivais que marcam alto, o brasileiro ajuda a quebrar a pressão recebendo de costas e girando rápido. Quando o Arsenal encontra blocos baixos, ele alterna entre atacar o espaço curto no primeiro pau e recuar para arrastar um zagueiro, liberando a infiltração de um meio-campista. Em ambos os cenários, a tomada de decisão tem sido mais limpa — menos toques, mais objetividade. Isso acelera a circulação e evita que o time fique previsível.

O lado mental pesa. Jesus conviveu com ruído sobre gols perdidos e sobre o clube buscar um “9 de ofício” no mercado. A resposta, nas últimas semanas, veio no que ele controla: intensidade, disponibilidade para o jogo sujo e impacto em partidas grandes. É o tipo de contribuição que o vestiário sente e que treinador adora, porque estabiliza o plano de jogo mesmo quando a vantagem no placar demora a sair.

No Arsenal atual, a disputa por minutos é real. Havertz se firmou como referência móvel, Trossard entrega gols saindo de diferentes zonas e os pontas são indiscutíveis. Esse ambiente competitivo elevou a régua. Para Jesus, o caminho para se manter indiscutível passa por duas frentes: conservar a sequência física e transformar boas chegadas em números consistentes. Ele não precisa virar um finalizador de 25 gols para ser decisivo, mas alguns gols “simples” — aqueles de área, de leitura de rebote — mudam a conversa em um time que briga por título.

Alguns pontos ajudam a explicar o momento:

  • Carga física controlada: mais minutos contínuos sem sinais de desconforto no joelho e na coxa.
  • Função ajustada: alternância mais fluida entre centro e flanco, com triângulos curtos com Ødegaard e Saka.
  • Pressão coordenada: ele lidera o primeiro salto e orienta o time para encurtar campo logo após a perda.
  • Tomada de decisão: menos conduções longas, mais passes de primeira para acelerar o último terço.
  • Confiança: finalizações saindo mais naturais, sem a hesitação que marcou fases recentes.

Há também o efeito Champions. A melhor versão do brasileiro em Londres apareceu muitas vezes nas noites europeias. Quando o nível sobe e o jogo pede corpo e coragem para segurar bola difícil, ele brilha. Para o Arsenal, que voltou a mirar fases agudas do torneio, tê-lo saudável é quase um reforço interno. E para o jogador, é vitrine para reentrar no radar da Seleção num ciclo que ainda está sendo redesenhado.

Se o rótulo de “renascimento” vai se consolidar, os próximos meses dirão. O contexto, porém, é favorável: estrutura tática estável, elenco mais maduro e um camisa 9 que reencontrou ritmo. Quando Jesus está leve, o Arsenal fica mais imprevisível, mais agressivo e mais perto de competir de igual para igual com quem define a Premier League.