Lewis Hamilton venceu de ponta a ponta o GP da China, disputado domingo (9) no mais instável que mulher com TPM Circuito de Xangai. Entre sorrisos e gracejos, subiram no pódio Sebastian Vettel, da Ferrari, e Max Verstappen, da Red Bull. Diferentemente da modorrenta etapa de abertura, o GP da Austrália, o chinês foi mais interessante, com apresentações de gala de Hamilton, Verstappen, que ganhou nada menos que 14 posições logo no primeiro giro.
Fernando Alonso, que conseguiu andar com sua McCarroça na zona de pontuação até ter a suspensão quebrada e seu companheiro de equipe Stoffel Vandoorne com falha no claudicante motor Honda. Mas teve o lado segura peão em Xangai. Pareceu-me claro a divisão de forças na categoria, liderada pela Mercedes e Ferrari seguida da Red Bull. Williams, que fez boa pré-temporada, é incógnita, assim com Haas, Force India e STR.
As interpretações dignas de bufões da corte de Antonio Giovinazzi ao rodar, dar uma panca demolidora com a molestosa Sauber em plena reta, provocando, assim, a entrada do carro de segurança. A equipe suíça, que não anda financeiramente bem das pernas, acumulou prejuízo já que durante o TL3 ele demoliu o carro. O italiano, substituto de Pascal Wehrlein, no estaleiro por conta de uma brincadeira inconsequente após o encerramento da Corrida dos Campeões, quando atropelou o carro de Felipe Massa, capotou e teve algumas costelas rachadas. A chefe da Sauber, Monisha Kaltenborn, deve estar com saudade do brasileiro Felipe Nasr.
Felipe Massa alinhou, mas não correu. Fez figuração. O brasileiro disse que sofreu com aderência dos pneus, que correu sobre gelo – os outros não? Aquelas respostas evasivas de quem termina uma volta atrás do vencedor. Seu companheiro de Williams, o canadense Lance Stroll, então, só pagando mesmo para acelerar na Fórmula 1. Talvez em busca de autoafirmação como homem, o aprendiz de piloto de recém-completados 18 anos, filho de milionário, coleciona cagadas na principal categoria do esporte a motor. As caixas de brita têm sido seu principal destino.
Errou quem acreditou que o novo regulamento técnico melhoraria o espetáculo. Carros mais largos deixaram as baratas mais rápidas nas curvas com perda de velocidade em reta. Só isso. O figurino transita entre o clássico e o cômico. Neste quesito, a STR e a Sauber se destacam com guarda-roupa em tons de azul, mas quem as veste são meros extras infiltrados num chorus line, por vezes, desafinado não por incompetência de seus atores, mas sim por ser elenco de apoio, enquanto a McCarroça é extra e entra em cena com cacos (a saber, na linguagem teatral, caco é improviso do ator, intervenção cênica que não está no texto original) algo agora vai e não vai, uma sátira de quem um dia foi protagonista, a McLaren, para desespero de Alonso e Vandoorne.
O touro da STR muge menos que o vermelho da Red Bull. Enquanto o dono do pasto tem direito a grama mais verde e suculenta, o bezerro parece teimar em não aprender a andar e, por isso, só chama atenção pela beleza. Sabe aquela máxima popular que diz por fora bela viola por dentro pão bolorento? Pois. A Force India, vestida de rosa enxoval de bebê por conta do patrocinador, uma empresa de tratamento de água – juro que aprendi que a água é representada pela cor azul, mas pode ser, digamos, uma licença poética –, virou o ano sem novo texto e nem o antigo revisado. Ou seja, ela continuará fazendo parte do elenco, mas como coadjuvante, contracenando com a Williams, que recebeu um bom aporte financeiro, manteve o figurino de 2016, preparador de atores, mas não consegue decolar na carreira.

Verstappen cometeu erros, mas subestimou Ricciardo e fez outra corrida de encher os olhos – Reprodução
No espetáculo quem arrancou aplausos da plateia chinesa foi Fernando Alonso. O bicampeão mundial asturiano mantém a fibra de vencedor mesmo com um carro longe de sua incontestável competência. O público sabe, e por que não dizer, reconhece que ele está no lugar errado, na equipe errada, na hora errada. Daí ser ovacionado ao passar sorridente diante das arquibancadas. Com efeito, motivo para reclamar Alonso tem de sobra. Mas verdade seja dita, vencer com carro de ponta é fácil, duro é carregar nas costas um ruim, malvestido e impressionar.

Hegemonia da Mercedes já não é a mesma, mas Hamilton fez corrida mais lisa que lambari ensaboado – Sutton Images
A trupe da Fórmula 1 se reúne novamente na próxima semana para disputa do GP do Bahrein.
Confira abaixo o placar após o GP da China: